terça-feira, 16 de janeiro de 2007

UMA PEQUENA HISTÓRIA DE AMOR

O Tomás, meu amigo, é, sem dúvida, entre todas as pessoas que conheço, a que tem mais experiência no amor. Pelo menos esteve ligado a muitas mulheres, conhece as artes de fazer declarações de amor pela muita prática que teve e pode ufanar-se de muitas conquistas. Quando me fala delas, fico com a impressão de ser um menino de escola. Aliás, penso às vezes que ele não percebe mais do que eu da verdadeira essência do amor. Não acredito que na sua vida tenha passado muitas noites em claro por causa de uma paixão e que as tenha passado a chorar. De qualquer modo isso não lhe teria sido necessário muitas vezes e não tenho inveja dele, porque, apesar dos seus êxitos, não é um homem alegre. Além disso, vejo-o muitas vezes preso de uma leve melancolia, e todo o seu porte tem um toque de calma e abafada resignação, que não tem nada a ver com a saciedade.
Bom, isto é suposições e talvez enganos. Podem escrever livros e livros sobre psicologia, mas não é possível penetrar nas pessoas e eu também não sou psicólogo.
De qualquer modo pareceu-me que o meu amigo Tomás não passava de um virtuoso nos jogos de amor, porque lhe faltava qualquer coisa para aquele amor que não é jogo, e que era um melancólico porque reconhecia e lamentava essa falha em si próprio. Puras suposições, talvez enganos.
O que ele me contou há pouco tempo sobre a senhora Maria pareceu me estranho, embora não se tratasse propriamente de uma vivência nem sequer de uma aventura, mas apenas de um estado de espírito: uma anedota lírica.
Encontrei-me com Tomás quando ele ia mesmo a sair do habitual café e convenci-o a tomar comigo uma garrafa de vinho.
Ficou satisfeito e, em breve, com um bom vinho, estávamos a conversar. Com todo o cuidado levei a conversa para a senhora Maria. Uma linda senhora com pouco mais de trinta anos que vivia na cidade havia ainda pouco tempo e tinha fama de ter tido muitas paixões.
O marido era uma nulidade. Sabia há pouco tempo que o meu amigo se dava com ela.
_ Ah, a Maria – disse ele, acabando por seguir a conversa - , se ela te interessa assim tanto. O que é que queres que diga? Não tive nada com ela.
- Nada?
- Ora, seja o que for. Nada que eu possa de facto contar. Seria preciso ser poeta.
Ri – me.
- Tu até nem tens os poetas em grande estima.
- Porquê? Os poetas são na maior parte das vezes pessoas que não vivem nada. Posso dizer-te: aconteceram-me na vida já mil e umas coisas que poderiam ser escritas. Pensei muitas vezes por que razão não vive um poeta uma coisa destas para que não se perca. Vocês fazem sempre um barulho danado à volta do que é natural, toda a porcaria serve para um romance inteiro.
- E essa estória com a senhora Maria? Também é um romance?
- Não. Um esboço, um poema. Um estado de espírito, sabes.
- Pronto, sou todo ouvidos.

(continua )

23 comentários:

Nelsinho disse...

Olá Crystalzinho

Obrigado pela visita!
Também gostei de ler teus textos!

Nelsinho

Hindy disse...

Obrigada pela tua visita!

Beijinhos :o)

Ci Dream disse...

bem o resto?:)

beijinhos da ci

Crystalzinho disse...

Nelsinho e Hindy
Beijos para voces


Ci
Não sejas impaciente!! Dás cabo dos nervos.
Bjs

Lua de papel disse...

SOCORRO
o meu blog desapareceu
pede-se o favor a quem o encontrar o favor de devolver

Elsa Sequeira disse...

Olá Crystalzinho!!!

Bigado pela visita!!!
Adorei a tua história! Continua...continua!!!

Beijinhos!!!

:))

Crystalzinho disse...

Lua de Papel
Andas mesmo com a cabeça na lua!! Agora até perdes o blog??
... eu estou a vê-lo no mesmo sítio.
É o que eu digo! Deixa mas é de ver o canal parlamento o mais rápido possível.
Bjs

Crystalzinho disse...

Elsa, obrigada pela visita.
O último epísodio vai para o ar dentro de pouco tempo (isto é o suspense das novelas!!)
Não percas!!
Bjs

Fallen Angel disse...

Também eu sou todo ouvidos, aguardando a continuação... :-)

Francis disse...

isto promete...

Aninhas disse...

Crys

Então e o resto do romance...
Assim, não vale!

:))

Anónimo disse...

O que será que vem aí?
O amor fez me lembrar este poema de Sofia:

Terror de de amar num sítio tão frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
onde tudo nos quebra e emuduce
onde tudo nos mente e separa

que nenhuma estrela queime o teu perfil
que nenhum deus se lembre do teu nome
que nem o vento passe onde tu passas

Para ti eu criei um dia puro
livre como o vento e repetido
como o florir das ondas ordenadas

Anónimo disse...

E quando o acabas?

Anónimo disse...

E como acaba. Essa Maria é danada. Um abraço

Crystalzinho disse...

Angel, Francis, Aninhas, Marta
Isto é como as novelas!! Nunca se sabe quando acabará...
Fiquem atentos
Bjs

Crystalzinho disse...

amiga minha
Que lindo poema esse da Sofia. Obrigada por o partilhares connosco.
Bjs

Crystalzinho disse...

Ai Tri, as mulheres são danadas!! E apaixonadas, então!! Ninguem aguenta.
Bjs

Lua de papel disse...

então?????????????????????
tou a espera do resto da historia

bjs

Burrita disse...

Sou toda ouvidos...e mais qualquer coisinha...
Fica bem!

Elsa Sequeira disse...

Olá!!!


Pois vinha ver se já estava no ar o próximo "episódio" ...mas pelos vistos não!!!
Postei um poema que dediquei ao meu filhote, se quiseres espreitar!


beijinhos!!!


:))

Crystalzinho disse...

Lua, que impaciência!!

Crystalzinho disse...

Burrita, então prepara-os bem que vou já a correr contar-te o resto da história.
Bjs

Crystalzinho disse...

Elsa, vou já espreitar o que escreveste para o filhote.
Até já
Bjs