segunda-feira, 28 de maio de 2007

O SILÊNCIO QUE MATA

Hoje recebi este mail. Li-o e reli-o e achei que o queria partilhar com o mundo. Aqui vai:


Na primeira noite, eles se aproximam
e colhem uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada

Na segunda noite, já não se escondem,
pisam as flores, matam o nosso cão.
E não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles, entra
sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua,
e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.

- Maiakavski -

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável.

Depois agarraram os desempregados
Mas como tenho emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde,
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo
- Bertold Brencht (1898-1956) -

Incrível é que, após mais de cem anos, ainda nos encontramos tão desamparados, inertes, e submetidos aos caprichos da ruína moral dos poderes dos Governantes, que vampirizam o erário, aniquilam as instituições e deixam aos cidadãos os ossos ruídos e o direito ao silêncio: porque a palavra, há muito se tornou inútil...

- Até quando? ....

domingo, 20 de maio de 2007

TRÊS DIAS DE CEGUEIRA

«Muitas vezes, penso que seria uma benção se cada ser humano pudesse ser completamente cego e surdo durante alguns dias no início da sua vida adulta.» Esta é uma célebre citação retirada do famoso ensaio de Helen Keller «Três Dias Para Ver».

Na sua qualidade de invisual, Helen Keller achava incompreensível que amigos e familiares não apreciassem verdadeiramente as paisagens que os rodeavam. Certa vez, pediu a uma amiga que acabara de regressar de um passeio pelos bosques que lhe contasse o que vira. «nada de especial», replicou a amiga.

Esta resposta deixou Helen tão desapontada como atónita: como era possível caminhar durante uma hora pelos bosques e não ver nada digno de nota?

Recorrendo apenas ao tacto, Helen era capaz de sentir a extraordinária beleza das coisas: a delicada simetria de uma folha entre os seus dedos, o balanço suave de um galho ao sabor da brisa, o calor do sol nos misteriosos contornos da casca das árvores.

O seu coração devia agitar-se no desejo de ver todas essas coisas que apenas podia tentar imaginar; como saber verdadeiramente o que é uma árvore sem nunca ter visto árvore alguma?

«Se o mero tacto basta para me dar tanto prazer», especulava ela, «quanta beleza não será revelada pela vista?»

Por isso, ponderou o que mais gostaria de ver se lhe fosse dado o dom de ver durante três dias. No primeiro dia, convidaria os seus amigos mais queridos e olhá-los-ia prolongadamente no rosto, gravando a beleza deles na memória. No segundo dia, visitaria museus para adquirir um relance da história do Mundo ou iria a galerias, cinemas e teatros para mergulhar na alma da Humanidade através da arte. No terceiro dia, deambularia pela cidade para apreciar as vistas e a beleza da vida quotidiana.

A beleza irresistível da Natureza e da civilização humana era o que Helen Keller aspirava ver. Mas se tivesse tido, efectivamente, a oportunidade de ver tudo, talvez concordasse que no Mundo há certas coisas que mais vale não serem vistas. Podia muito bem ter sofrido uma desilusão ao constatar como certas coisas se tornam tão mais chocantes e violentas quando acompanhadas pela visão e pelo som.

Pensar em corpos mutilados nos campos de batalha, na destruição infligida por terroristas fanáticos, no rosto de uma criança cujos pais foram mortos por soldados implacáveis. A cegueira pode ser uma bênção num mundo inexorável e perverso.

Se eu fosse «abençoada» com três dias de cegueira e surdez, como Keller sugere na sua dissertação, aprenderia certamente a apreciar melhor a imagem e o som. A escuridão e o silêncio suscitariam em mim uma nova alegria por ver e ouvir e permitir-me-iam perceber quanto tenho substimado vista e ouvido na minha vida de todos os dias.

Mas antes que os três dias terminassem, a escuridão e o silêncio proporcionar-me-iam também algo mais.

No primeiro dia, teria o prazer de não ouvir nem ver as chicanas políticas ou os resultados do despotismo; seria poupada às manifestações de falta de diplomacia e à incrível miopia de algumas visões do Mundo.

No segundo dia, ficaria aliviada por não ter de ver as notícias deprimentes de assassínios, raptos e suícidios, batalhas e guerras, confrontos e manifestações que inundam a televisão. Seria um alívio não ter de ver os rostos desesperados dos reféns à espera de ser executados a sangue frio por terroristas encapuzados.

No terceiro dia, à medida que se aproximasse a última hora, teria de me preparar para voltar a enfrentar a dureza da realidade quotidiana.

Se a notável Helen Keller ainda estivesse entre nós, gostaria de lhe dizer que, para mim, «três dias de cegueira e surdez» não seriam assim tão maus. Pelo menos do prisma de alguém que é confrontado diariamente com um mundo muitas vezes sombrio e deprimente.

sábado, 12 de maio de 2007

DESAFIOS E DESAFIADOS

Fui desafiada, durante a semana, para responder a algumas questões.
Com algum atraso, aqui vai o resultado do meu enorme esforço para não vos deixar ficar mal.

O AGRIDOCE pediu-me para responder a um sem número de questões:

Se fosse uma hora do dia, seria... qualquer uma que não seja a meia noite (queria ser cinderela para sempre que isto de ser gata borralheira cansa muito!)
Se fosse um astro, seria... a ursa maior (a menor é muito pequena para mim!)
Se fosse uma direcção, seria... o Norte (nunca devemos perde-lo!)
Se fosse um móvel, seria... uma cadeira de baloiço(conhecem coisa melhor?)
Se fosse um líquido, seria... Champanhe(é agradável a maneira como nos deixa a cabeça a andar à roda
Se fosse um pecado, seria... Tudo o que é bom é pecado, nem sei o que escolher! Pode ser mais que um?
Se fosse uma pedra, seria... um cristal (que mais poderia ser?)
Se fosse uma árvore, seria... uma amendoeira (tem belas flores e frutos deliciosos)
Se fosse uma fruta, seria... uma amora silvestre (é doce qb mas também tem alguns espinhos)
Se fosse um clima, seria... tropical (quente e tempestuoso)
Se fosse um instrumento musical, seria... um piano (um instrumento que, não sendo muito belo, se bem tocado emite uns sons maravilhosos)
Se fosse um elemento, seria... o ar (ninguém pode viver sem ele)
Se fosse uma cor, seria... o azul (o mar e o céu também são)
Se fosse um animal, seria... um macaco (tem sempre um ar tão feliz e despreocupado)
Se fosse um som, seria... o do mar (é a música mais bela que o universo criou)
Se fosse uma música, seria... Against all odds do Phil Collins (inesquecível)
Se fosse estilo musical, seria... Salsa
Se fosse sentimento, seria... Amor
Se fosse um livro, seria... As palavras que nunca te direi (que bela história de amor)
Se fosse uma comida, seria... Galinha com grão (descobri há pouco tempo como é bom!)
Se fosse um lugar, seria... uma ilha (só entrava quem merecesse!)
Se fosse um gosto, seria... chocolate
Se fosse um cheiro, seria... alfazema
Se fosse uma palavra, seria... amor
Se fosse um verbo, seria... amar
Se fosse um objecto, seria... um comando de televisão (parece que é o objecto mais apreciado pelos homens)
Se fosse uma parte do corpo, seria... as mãos (podem fazer tanto por nós, até falarem!)
Se fosse expressão facial, seria... o sorriso
Se fosse uma personagem dos desenhos animados, seria... a super mulher
Se fosse filme, seria... Música no coração
Se fosse forma, seria... tudo menos esfera (mas é o que estou quase a ser!)
Se fosse número, seria... 17
Se fosse estação, seria... Primavera (quando tudo renasce)
Se fosse frase, seria... A cultura da ignorância é o que de mais pobre podemos alojar em nós!

Este já está, só falta nomear as próximas vitimas:

- Alexandre
- João Jr
- Nanny
- Diabólica
- Lua de Papel (para ver se acordas)



O outro desafio foi-me proposto, diabolicamente, pela DIABÓLICA e aqui ficam as minhas respostas:

7 coisas que tenho de fazer antes de morrer:

1 -Viver
2 -Transformar-me numa milionária excêntrica
3 -Comprar um chalé nos Alpes
4 -Aprender a esquiar
5 -Vender a minha celulite a alguém
6 -Gravar um disco (isto é castigo para os outros)
7 -Acabar os meus dias ao lado do meu amor

7 coisas que eu mais digo:


1 -Estás a ver
2 -Cruzes
3 -Fogo
4 -Ele há vidas piores só que não prestam
5 -Vai-te embora oh melga
6 -Bem!!
7 -Mas que chato

7 coisas que eu faço bem:

1 -Passar a ferro
2 -Ser boa amiga
3 -Trabalhar
4 -Ponto cruz
5 -Bacalhau à Gomes Sá
6 -Dormir
7 -Embrulhos

7 coisas que eu não faço:

1 -Maltratar os outros
2 -Ser mentirosa
3 -Comer favas
4 -Comer iscas
5 -Andar na montanha russa
6 -Correr
7 -Agredir alguém

7 coisas que me encantam:

1 -O mar
2 -O amor
3 -Viajar
4 -Estar rodeada de amigos
5 -Conviver com a família
6 -Uma boa gargalhada
7 -Comer um belo de um pastel de nata

7 coisas que eu odeio:

1 -Maldade
2 -Preguiça
3 -Maledicência
4 -Hipocrisia
5 -Cuspir para o chão
6 -Mau cheiro
7 -Política

E agora os 7 nomeados para se submeterem a este teste:

1 - Agridoce
2 -Sam
3 -Ci
4 -Entre Linhas
5 -Kalinka
6 -Mara
7 -Thunder

Ufa... cheguei ao fim!! Obrigada a todos e boa sorte para os desafiados.

domingo, 6 de maio de 2007

A ARTE DE VIVER


Quando estamos especialmente arrogantes, ou preocupados com questões superficiais, ou gastando imenso tempo com obsessões estéticas, mesquinhas, materiais, fúteis, ou pisando e passando por cima dos outros, ou imensamente soberbos e desprezando os mais fracos, ou ainda com uma ambição egoísta sem limites e sem escrúpulos...


Devemos lembrar-nos de que não somos eternos: somos mortais como todos os outros. Temos uma vida a aproveitar e ela pode oferecer-nos tantas coisas boas e bonitas que é lamentável perdermos tempo...

Foto tirada na praia da Lota