domingo, 25 de fevereiro de 2007

UM PASSEIO PERTO DE NÓS: LISBOA DAS INDIAS.

“ Se o inverno chega, a primavera não pode estar distante”, dizia um poeta.
É com este pensamento que, da centenária Fábrica dos pastéis de Belém, olho o prédio revestido de azulejos da Fábrica de Massarelos, com uma grega em azul, amarelo e branco e escamas nas empenas a norte, estas bem coloridas, onde a ardósia deu lugar à cerâmica vidrada.

O pastel de nata de Belém é uma receita conventual feita à base de nata de leite, açucar e gemas de ovo. O segredo é guardado a sete chaves. Na casa do segredo prepara-se de véspera o creme, e aí fica a repousar até ao dia seguinte, com a porta fechada e a chave no bolso. Há muito que este segredo é partilhado apenas por quatro pessoas que nunca viajam juntas.

A Fábrica ocupa o terreno do antigo Palácio Guarda Mor dos Jerónimos. A fiada de edifícios que se segue foi construída no chão salgado dos antigos jardins do Palácio dos Duques de Aveiro. Aí esgue-se a coluna dos Távoras, evocando o episódio da incriminação desta família no atentado contra D. José e a luta entre o Marquês de Pombal e a nobreza tradicional. O chão foi então salgado para que aí mais nada crescesse.

O Mosteiro dos Gerónimos domina a praça..

Vou lá: uma visita aos Jerónimos tem necessáriamente de ser demorada, para ser uma verdadeira visita. Todas as belezas ali existentes devem ser cuidosamente examinadas: o trabalhado de todos os pormenores, as imagens, os túmulos, as colunas, as abóbodas, especialmente a do transepto, que nenhuma coluna sustenta, as pinturas, o coro, o claustro, um dos mais belos do mundo, a sala do capitulo, a capela de Cristo.

Ali perto temos a antiga Real Barraca, hoje Palácio da Ajuda. E o de Belém.Valem a visita.
Como à Igreja da Memória, ao Jardim Botânico, ao Museu dos Coches, atravessar a Praça do Império ( lá está Afonso de Albuquerque) e ir à Torre de Belém, sem dúvida um dos mais belos monumentos de Lisboa, arquitectura oriental erigida na praia do Restelo, famosa por ser o ponto de onde os navios partiam mar fora para as grandes descobertas.
Mas passeiam por Lisboa, pavorasamente perdidos, estrangeiros aqui como em toda a parte.

“ Outra vez te revejo
Lisboa e Tejo e tudo-,
transeunte inutil de ti e de mim
estrangeiro aqui como em toda a parte
casual na vida como na alma
fantasma a errar em salas de recordações
o ruído dos ratos e das tábuas que rangem
no castelo maldito de ter que viver”

(Fernando Pessoa)

Viver? Com que sentido? Com que respostas às eternas perguntas?
Passear e esquecer: Gosto de ver quem amo, de olhá-lo de frente, em vez de comtemplá-lo de viés ou de costas... Uma estátua é de frente que deve estar patente. E as traseiras do templo não são para os devotos.

Passeiem!

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

JAMAICA - TERRA DE SOL E DE MAR

O país conquistou um lugar privilegiado nas rotas turísticas sobretudo graças ao clima, às belíssimas águas azul-turquesa e às estâncias.
A grande maioria da oferta turística concentra-se na costa norte da ilha, entre Ocho Rios e Negril. É nessa parte do país que se encontra um grande número de praias de areia fina e enseadas de águas cristalinas. A região é muito celebrada pelo cenário tropical omnipresente no interior, mas o principal santuário das peregrinações turísticas é a Blue Lagoon, uma pronunciada reentrância marinha que foi palco da rodagem do filme com o mesmo nome. Nas imediações fica Dragon Bay, uma baía protegida, com a sua extensa praia de areia e recifes de coral que atraem muitos mergulhadores.

Quase nada há para ver em Ocho Rios, à excepção de uma série de graciosas enseadas de uma azul luminoso delimitadas por promontórios verdes. Voa-se para os arredores e em poucos minutos se está com um pé nas águas das Caraíbas e outro nas cascatas de Dunn's River Falls. As águas tombam em sucessivos socalcos, formando uma série de piscinas naturais, entre a sombra de uma densa floresta, até desmaiarem na praia.

Em St. Ann's Bay, uma dúzia de quilómetros para poente, terá Colombo avistado pela primeira vez, em 1494, o território Jamaicano. Apesar da má memória que se guarda dos anos que se seguiram à chegada da expedição espanhola - em menos de meio século os índios e a cultura local foram exterminados - o navegador teve direito a uma estátua! Uns quilómetros para o interior, na povoação de Nine Mile, uma antiga casa de Bob Marley acolhe o mausoléu do músico, que é, simultaneamente, um centro de peregrinação rasta.

DE MONTEGO BAY A NEGRIL


A caminho de Montego Bay, para trás vão ficando Runaway Bay e Discovery Bay, lugares em que o turismo massificado está em franca expansão. Mais adiante, pausa obrigatória em Fallmouth, antigo porto de saída de açúcar e local de comércio de escravos. É uma cidade cheia de carácter, com muitos exemplos da arquitectura jamaicana, praticamente à margem dos circuitos turísticos.

Montego Bay, “el golfo de buen tiempo”, como chamou Colombo ao local, é a segunda maior cidade da Jamaica, renascida das cinzas da decadência económica que sobreveio após o ciclo do açúcar e da destruição por uma série de furacões. Com um litoral de praias agradáveis e recifes de coral e muita animação urbana - há, até, um Sunset Boulevard cheio de lojas e bares - não se pode estranhar a grande frequência turística, tanto norte-americana como europeia. O primeiro parque nacional da Jamaica mora ao lado: o Montego Bay Marine Park, mais de doze quilómetros quadrados de recifes de coral e mangais.

E chegamos, finalmente, a Negril, a quinta-essência das estâncias turísticas das Caraíbas, com uma extensa faixa de areia dourada, águas transparentes, tranquilas e cálidas escondendo recifes de coral e um perfeito enquadramento tropical de palmeiras ao longo da orla. Longe vão os tempos em que um punhado de hippies descobriu o que era então um remoto recanto da ilha. O paraíso isolado de então, uma aldeola de algumas dezenas de pescadores, transformou-se em trinta anos na maior e mais emblemática estância turística da Jamaica, cuja atmosfera descontraída e permissiva conterá ainda um pouco, certamente, da herança da “colonização” hippy.

BLUE MOUNTAIN, DO CÉU NASCEU UM CAFÉ

O melhor café do mundo. Tal como Camões dizia, referindo-se a outros mais essenciais domínios, melhor será sempre experimentá-lo que julgá-lo.


De aroma forte e intenso, com um sabor que se demora sobre as papilas gustativas, o Blue Mountain é um café que (quase) veio do céu. Apenas seis mil hectares produzem o Blue Mountain, o que permite compreender o elevado preço que atinge no mercado - é, justamente, o café mais caro do mundo.


A abolição da escravatura constituiu um rude golpe para a actividade, tal como o fim do comércio preferencial de Inglaterra com a colónia. Sucessivos furacões ajudaram igualmente à ruína das plantações. Só depois da II Grande Guerra, as políticas governamentais jamaicanas conseguiram revitalizar o cultivo, definindo ao mesmo tempo critérios conducentes à excelência que hoje caracteriza os cafés do país.


As características do cultivo, singulares, tanto contribuem para a qualidade como para o preço elevado. O café é cultivado em socalcos, em pequenas plantações (de plantio misto, por vezes), em áreas onde a mecanização é praticamente impossível.



UM PARAÍSO DE BIODIVERSIDADE


Se o litoral, onde abundam formações de recifes de coral e inúmeras praias de areia fina e dourada, constitui o centro das atenções da grande maioria dos turistas, as áreas protegidas do interior e os vários parques naturais merecem só por si uma viagem inteira.


Na parte leste da ilha, entre Kingston e Port Antonio, está o Blue and John Crow Mountains National Park, um espaço natural bem emblemático da riqueza e diversidade da ilha em termos de flora e fauna. Localizado a mais de mil metros de altitude, conserva mais de 100 espécies de borboletas, 3000 de plantas e 250 de aves, entre as quais cerca de 20 são exclusivas da ilha. É possível, também, visitar algumas plantações de café.


Subir o Rio Grande ou o Black River são também opções a considerar. O primeiro, um dos mais caudalosos da ilha, é alimentado pelas chuvas das Blue Mountains e atravessa zonas de floresta com árvores seculares, com um curso marcado por rápidos em algumas passagens. O Black River, localizado no sudoeste do país, no condado de St. Elizabeth, terra de origem do rum Appleton, é o maior rio da Jamaica. As zonas pantanosas do Parque Nacional Great Morass constituem habitats de grande número de crocodilos. É uma zona muito propícia, também, para a observação de aves (mais 100 espécies diferentes), organizada regularmente através de boat safaris.


As quedas de água são sem conta nesta ilha onde não faltam paragens que emulam cenários edénicos. As Dunn's River Falls são as mais conhecidas, mas vale a pena também passar pelas de Sommerset, em Hope Bay, perto de Port Antonio, e explorar as do vale do Río Grande, algumas localizadas em sítios quase impenetráveis. E sobretudo, não perder as Ys Falls, no rio com o mesmo nome, no sudoeste da ilha, uma série de dez cascatas de dimensão variável, imersas num cenário de floresta cerrada e húmida. As piscinas naturais são simplesmente irresistíveis.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

AMIGOS COLORIDOS

Aqui estou eu para responder ao desafio da Nanny (Sei Lá!) sobre o papel dos amigos coloridos.

Existem momentos na nossa vida em que não desejamos nada mais para além de um ombro amigo. Aquele com quem nos sentimos à vontade para contar os maiores disparates, ou apenas lamentar os problemas do dia a dia. Um amigo cúmplice dos nossos erros, entusiasta dos nossos feitos ou simplesmente que ri connosco Há quem diga que os amigos são somente amigos e os amores devem estar à parte. Porém, nada impede que entre tantas afinidades surja um interesse a mais. Desafiar esse frágil limite entre o amor fraterno e o puro romance é uma aventura prazerosa e divertida para muitos que descobriram que a amizade se pode tornar algo bem mais colorido.

Relacionamentos onde não existe compromisso são cada vez mais comuns. Para muita gente, eles têm a vantagem de preservar a liberdade, a individualidade e o próprio espaço. Nesse tipo de relação, o sexo surge quando os dois querem. Não é preciso conviver com o que não se gosta ou não se compreende no outro.
Quando não há compromisso, o casal só se encontra se ambos estão com vontade e o objectivo desses encontros é o mesmo: viver apenas bons momentos.
Embora, à primeira vista, possa parecer atraente, a relação sem compromisso tem aspectos negativos e, muitas vezes, acaba em frustração.
Quando o prazer do momento é a regra do relacionamento, a solidão pode incomodar bastante e um dos parceiros (ou ambos, cada um a seu modo) terá que se deparar com o vazio afectivo e a realidade de não ter alguém com quem compartilhar sentimentos, experiências e acontecimentos do dia a dia.
É comum pessoas envolvidas em casos sem compromisso se ressentirem da falta de romance e da impossibilidade de transformar o relacionamento num amor de verdade com direito a um quotidiano a dois.
É preciso coragem para se relacionar, se envolver e batalhar para alcançar um amor que valha a pena. Mas também, igualmente, é preciso muita coragem para fazer a escolha de uma relação sem compromisso, superficial ou mesmo profunda, mas sem laços. Quando a proposta é o sexo livre, amar pode ser um erro.
Assim como o relacionamento com uma pessoa é uma experiência única que não se compara com outra, o sexo com amor é muito diferente do sexo sem compromisso.

Vejam só:
Sexo com amor:
  1. O carinho e a preocupação dos parceiros com o prazer do outro é grande. Dar e receber passam a ser dois lados de uma mesma moeda.
  2. Nada provoca vergonha ou mal-estar. estão presentes os sentimentos de aceitação e de cumplicidade que fortalecem a experiência sexual.
  3. O "antes" e o "depois" são momentos de envolvimento e produzem a sensação confortante de proximidade e de aconchego.
  4. Os beijos são naturais, valorizados e fundamentais. Beijar a pessoa amada produz as mais profundas sensações.
  5. Traz paz de espírito, satisfação emocional e alegria.

Sem compromisso:

  1. Mesmo que nenhum dos dois seja egoísta na cama, fica claro que o erotismo é o mais importante e que ambos estão ali levados por uma motivação puramente física, sexual.
  2. As pessoas podem sentir-se ridículas ou desrespeitadas.
  3. Só o "durante" parece realmete importar. Não há demonstrações de afeto nem preocupações com o outro antes ou depois do sexo.
  4. O beijo não é valorizado, o que importa é o ato sexual .
  5. Pode provocar vazio emocional, aumentar a sensação de carência e entristecer. Corre-se o risco de sair da cama com um sentimento de depressão e de desvalorização.

Falando de amizade verdadeira, cuja preservação é muito importante, o tema é intrigante. Só por puro preconceito ou por medo um homem e uma mulher deixam de parecer atraentes um para o outro em função da amizade. Gostar de estar junto, de trocar idéias sobre as coisas relevantes e as sem importância, achar graça na forma do outro ser, falar, rir etc. Tudo isso, em princípio, deveria despertar o desejo de intimidade física. Será mais razoável termos intimidade física com uma pessoa amiga e confiável do que com alguém desconhecido. Na vida real, as coisas não acontecem assim por variadas e complexas razões. Somos mais apegados aos preconceitos do que pensamos. E amizade é algo que, por princípio, não inclui sexo. Ao pensar em intimidade física entre amigos, surgem dois medos. O óbvio é o de perdemos o amigo, por algum tipo de contratempo; e o outro, talvez o mais importante, é o de que a amizade, com a introdução do elemento erótico, se torne uma paixão fulminante.

O tema é fascinante e qual é a vossa opinião?

Desafiadas:

http://toucomalua.blogspot.com/

http://mjoao-renascida.blogspot.com/

http://claras-em-castelo.blogspot.com/

http://eu-estou-aki.blogspot.com/


domingo, 11 de fevereiro de 2007

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

VAMOS LÁ SER SINCEROS...

  1. Alguém que você ama profundamente foi brutalmente assassinado e você sabe quem é o assasssino, que infelizmente foi absolvido do crime. Procuraria vingança?
  2. Uma pessoa que lhe é muito próxima está a sofrer, paralisada e irá morrer dentro de um mês. Implora-lhe que lhe dê veneno para que possa morrer. Dar-lhe-ia? E se fosse o seu pai?


quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

UM COPO DE TINTO DO DOURO

Leio no restaurante a carta de vinhos organizada por regiões para ver o que me apetece beber a acompanhar uma boa posta de carne e uma sobremesa de papos de amor de Lamego.
Há verdes, como o Alvarinho branco ou o vermelho de Vinhão, brancos e tintos do Dão e da Bairrada touriga nacional, da Estremadura, Colares e Bucelas, do Alentejo de cepa aragonês (lembro me como me soube bem o Esporão) e do Douro, muitos.

Aqui o pensamento fugiu-me para o Solar do vinho do Porto, com uma maravilhosa vista para Gaia, os seus armazéns de nomes conhecidos e os escassos rabelos que transportam néctar do preço do ouro: o vinho do Porto Quinta do Noval vintage 1931 (mais de mil contos a garrafa) foi considerado um dos doze melhores vinhos do século xx; mas há os Taylor, os Ramos Pinto, os Fonsecas, tantos outros.
Com um Fonseca 1994, cor violeta, aromas florais, sabor a uvas e amoras, viajamos pelo Douro e pelos seus outros vinhos, tintos, sempre tintos: Ferreirinha, Barca Velha, Redoma, Fojo, Gaiosa, Criseia, Vallado, Quinta do Cotto, Quinta da Pacheca, Quinta de la Rosa , Quinta do Castro, sem lá.
Escolho o Redoma para viajar dentro de mim pelo Douro: os especialistas dizem que há nele fogo e especiarias, paixão e pouco cérebro: bom para inebriar.
A paisagem do Douro espraia-se por vales, onde se encontram declives suaves e arredondados em contraste com fragas íngremes e agrestes.

Há o rio e aldeias que se misturam com casas mais ou menos solarengas encaixadas em socalcos repletas de cepas.
Há a Régua, onde em 1756 foi fundada a Real Companhia Geral do Alto Douro, com os vitrais da Casa do Douro.
Mesão Frio, Vila de Tabuaça, perto a Quinta do Bom Retiro ( o Ramos Pinto vem de lá).
Há as linhas negras e envelhecidas do comboio de brincadeira entre o Pocinho e Barca de Alva, onde se pode ver o êxtase das amendoeiras em flor. E a linha do Tua. E o abandono de grande parte delas.
Tudo a bordejar o rio, onde também se vêem olivais e laranjeiras, aves como o abutre do Egipto, o crujo ou a coruja das torres.
Há Ventozelo, perto do Santuário de S Salvador, ali junto a Vila Nova de Foz Côa.
E as pequenas ermidas espalhadas pela encosta do Monte da Frágua.
E o Vale de Meão, onde começou o Barca Velha, e a quinta do Vesúvio, da D Antónia, e o Vale Abraão (esse do Manuel de Oliveira), a quinta da Boavista do Barão de Forrester, a do Castro e os vestígios árabes e romanos.
O Douro é uma terra de vertigens, de gente que vive como se nada fosse, à porta de precipícios.
E que aprendeu a tirar da terra o bem supremo da vinha, o vinho, que transformou tudo em património da humanidade.
O copo de tinto Redoma leva-ma ao Pinhão, à sua estação de caminho de ferro e os seus azulejos com motivos vinícolas.
É aqui, centro geográfico da região demarcada do Douro, com a soberba vista da Casa Grande, que me vou instalar no lindíssimo e romântico hotel de charme, e sonhar com o meu amor.
E com ele viajar por recantos do Douro, que ficam para outra ocasião.