terça-feira, 28 de novembro de 2006

A ESSÊNCIA DA VIDA

A vida é demasiado preciosa e simultaneamente curta para desperdiçarmos tempo excessivo com bens materiais. Por vezes, é tarde para perceber quanto foi mal gasta e infrutífera a nossa energia sacrificada em favor da recolha, da posse, da acumulação e ampliação de bens, de coisas, de dinheiro.
Justificam-se tantos sacríficos? tantas coisas que nos escapam?

domingo, 26 de novembro de 2006

ZANZIBAR - UMA PEROLA NO ÍNDICO

Sensual e nostálgica, Zanzibar ao largo da costa da Tanzânia é um dos últimos segredos do Índico. Uma ilha onde se vive devagar, ao sabor do vento e a pensar na praia.


O pior de Zanzibar é mesmo a longa viagem para lá chegar.
Saímos de Lisboa em direcção a Amsterdão, onde após quatro horas de espera embarcamos para Nairobi, capital do Quénia.
Ao desembarcar em Nairobi somos, imediatamente, invadidos pela magia de África. A natureza, quase selvagem, ao nosso redor surpreende-nos com a exuberância da sua fauna e a diversidade da sua vegetação. Somos envolvidos por um calor seco e húmido que, até nos habituarmos, transmite uma sensação de desconforto.
Dali apanhamos um voo que nos leva a Stone Town, a capital de Zanzibar.

Não nos encantamos com Zanzibar pelo que a ilha demonstra, mas sim pelo que dela se intui, aceitando-a tal como é, fascinante pela sua idiossincrasia, pelo seu intenso aroma de especiarias e peixe, pelo apelo que faz a que nos deixemos com ela aprender. Dizem os velhos marinheiros que existe uma ilha no Índico a que chamam "Paraíso". Essa ilha de que sempre se fala, mas que dificilmente se descobre, tem nome de mulher sensual e misteriosa, apesar de o seu sentido original ser provavelmente o que lhe deram os árabes, algures no século VII, ao se encontrarem com os primeiros habitantes bantú do arquipélago: "zinzi-bar", terra dos de cor preta.

Stone Town, a cidade de pedra, tão mágica e misteriosa. É este encantamento que nos leva a embranhar-nos pelas ruas estreitas e sombrias e a perder-nos no aglomerado de arquitecturas, buscando nas paredes sólidas mas desnudadas, nas ombreiras ricamente esculpidas, traços do passado de mil e uma noites, inspirador de cenários tão fantásticos.

As portas elaboradamente esculpidas e entalhadas, típicas da arquitectura de Zanzibar, são mesmo o pormenor mais importante das casas. Quanto mais trabalhada e melhor a qualidade da madeira maior era o “status”, a riqueza e a saúde do seu proprietário.

Na Gizenga Street abrem-se de par em par as lojas de artesanato. Os artistas preparam as tintas e telas para iniciar a sua obra, executando os motivos africanos em estilo naif que caracterizam a pintura da região.

Como em quase todas as partes do mundo, os Portugueses deixaram o seu testemunho. Uma última referência aos vestígios da presença portuguesa são os canhões de bronze, actualmente expostos no portão principal de entrada da Beit-el-Ajaib ou House of Wonders.

Pemba e Unguja (nome original de Zanzibar, a maior ilha do arquipélago) ficaram sob domínio de Portugal desde o início do século XVI até 1668, altura em que foram expulsos pelas tropas árabes do sultão de Omã. Foram eles os responsáveis pela criação do primeiro mercado de escravos da ilha, hoje transformado em museu, adjacente à catedral anglicana. No lugar onde antes se erguia o mastro em que se chicoteavam os escravos mais rebeldes levanta-se hoje o altar da catedral.


Ao subirem a costa oriental africana, os portugueses tinham descoberto Zanzibar, instalando-se, em 1505, em Unguja, que não por acaso significa "cesta de especiarias e frutas" trazidas da Índia e de outras paragens africanas como Moçambique. A fama que Zanzibar desde então adquiriu como a "ilha das especiarias" ficou a dever-se à sua intensa produção e comércio de cravinho, também designado por cravo-da-índia.

Quando o vento sopra, sente-se em Zanzibar um odor deliciosamente forte a especiarias.

Dois dias bastam para absorver a atmosfera da capital, partindo para explorar a costa de extensas praias brancas e águas mornas de um turquesa esplendoroso, apenas interrompido pelos cascos de madeira e as velas artesanais dos “dhows”, as embarcações típicas do Índico. Canoas de vela única, cozidas e passajadas vezes sem conta, feitas de panos crus puídos pelo tempo e pelo sal, carimbados ora na Tanzânia, ora na Índia ou no Egipto, fazem também ainda diariamente a travessia até à capital, mas em trabalho e não para turistas. São barcos de pesca e de transporte estes dhows que tão intimamente uniram vários pontos banhados pelo Índico, o oceano que permitiu ali unir e mesclar, de forma indelével, as culturas árabes, indianas e africanas. Um cadinho em que se derretem velhos amores e velhos ódios, fundidos ao longo dos tempos e hoje tão multicolores como os corais que a rodeiam.


Cinco dias se vão seguir entre o conforto dos “Bungalow”, com o Indico todo pela frente, praticando as muitas actividades possíveis. Tempo dedicado àqueles pequenos grandes prazeres que tanto sal e pimenta dão à vida...

O povo é uma delicia, gente humilde, muito pobre mas de uma honestidade comovente. Recebem-nos, sempre com um enorme sorriso, e fazem-nos sentir em casa.

A língua de comunicação é o swahili.

Olá ............ Jambo
Como está. Habarigani
Adeus........ Chai
Comida ..... Chakula
Peixe ......... Samaki
Açucar ....... Maziwa
Leite........... Kitunguu
Pão ............ Mikate
Noite ......... Usiku
Amanhã .... Jana
Ontem ...... Leo

Agora, para saber mais, visitem Zanzibar... Vale bem a pena.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

AMOR OU DEPENDÊNCIA


Esta fera que me dilacera

Este amor, este anseio que me absorve,

Que me prostra quando tombam as últimas folhas,

Sentir-se-á saciada, enfada, e na Primavera terá partido.

Sarada a ferida, a febre cederá,

Desaparecerá a dor pungente em meu peito;

E antes que o picanço acasale terei esquecido

O teu olhar que é agora o meu Norte.

Ilesa, contudo, de garra tão poderosa

Voltarei a amar mas não a pertencer:

Em meu corpo, em vigília, enquanto durmo,

Cortante ao beijo, fria à mão como a neve,

A cicatriz deste encontro permanecerá qual espada

Entre mim e o meu infeliz amor

sábado, 18 de novembro de 2006

SORTE ADIADA


Estivemos cinco semanas na ânsia de sermos abençoados pela sorte. Que fossem nossos os números escolhidos para sair.
Tantos planos que fizemos para um dinheiro com o qual ainda não podíamos contar.
Já pensávamos nos sonhos (nossos e dos outros) que iríamos realizar.
Era tanto o empenho que preencher o boletim era como fazer um exame, com medo de errar as respostas.
Serão este os números certos?
Será desta que a minha vida vai mudar?
Ficámos à espera que a Marisa nos dissesse o que queríamos ouvir.
Mas não, nada!!
Arrumamos todos os sonhos na arca e ficamos à espera da próxima vez.
E que a próxima seja para nós!!

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

OUTRA VEZ!

Você foi o maior dos meus casos
De todos os abraços
O que eu nunca esqueci
Você foi, dos amores que eu tive
O mais complicado e o mais simples pra mim
Você foi o melhor dos meus erros
A mais estranha história
Que alguém já escreveu
E é por essas e outras
Que a minha saudade faz lembrar
De tudo outra vez....

Você foi
A mentira sincera
Brincadeira mais séria que me aconteceu

Você foi
O caso mais antigo
O amor mais amigo que me apareceu
Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim
Outra vez
Esqueci de tentar te esquecer
Resolvi te querer por querer
Decidi te lembrar quantas vezes eu tenha vontade
Sem nada perder

Você foi
Toda a felicidade
Você foi a maldade que só me fez bem

Você foi
O melhor dos meus planos
E o maior dos enganos que eu pude fazer
Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim
Outra vez

By Roberto Carlos

DIÁRIO DE BORDO

Hoje acordei com a notícia da abertura dos trabalhos da Conferência de Nairobi sobre alterações climatéricas.
Sejam quais forem as razões científicas e as polémicas a verdade é que todos sentimos essas alterações.
Já lá vai o tempo em que tiritávamos de frio em Novembro!
5 graus em cinquenta anos é obra! Se assim for é o mesmo que nos últimos 10 milhões de anos

Acho que as pessoas ainda não interiozaram as questões ambientais como direito à vida.
Poluição, desflorestação, biodiversidade (quantas espécies desaparecem por ano?), oceanos (sabemos que a corrente do Golfo se desvia? que grande parte das espécies de peixes estão a desaparecer? que barreiras de coral morrem, como nas Mauricias, que, aliás, com o degelo e a subida das àguas parece que não vão durar muito tempo?)
Vão lá depressa passar férias antes que seja tarde!

E vejam o filme de AL GORE A Inconvenient World.

Hoje o Tribunal Constitucional delibera se a pergunta do referendo sobre o aborto é correcta.
Correcta?
Até quando esta hipocrisia e tanto sofrimento escondido?
Porque não falamos todos os dias das crianças que passam fome ou daquelas que andam de arma na mão em guerras forçadas?

Pequenas são as estórias autobiográficas do novo livro de Saramago.
Recordo a frase em que diz mais ou menos que as coisas que queremos veem-nos parar à mão.
É isto o destino? Há coisas a que não podemos fugir?

AH! Tem de ser mesmo o amor que nos salva!! E a poesia:

" morrer de amor
ao pé da tua boca

desfalecer à pele
do sorriso

sufocar de prazer com o teu corpo

trocar tudo por ti
se for preciso"

PENSAMENTOS

Santana Lopes publicou um livro; foi o espectáculo de alguém que parece um gato de sete foles: matam-no não sei quantas vezes e as mesmas sobrevive. E consegue que lhe prestem atenção nacional, não tivera ele sido primeiro ministro. O livro não vale nada, não traz uma ideia, não acrescenta nada à nossa felicidade: é um rol de queixas de quem se acha vítima de uma cabala colectiva: a velha tendência de que sou um coitadinho e um incompreendido que poderia ter salvo a pátria.
Um aborrecimento!

Mas aborrecido por aborrecido prefiro Bernardo Soares ( Fernando Pessoa): ao menos consola.

Ora escutem "Num visível era: era como um começo a ver-se qualquer coisa, mas em toda a parte por igual, como se o revelar hesitasse em ser aparecido.
E que sentimento havia? A impossibilidade de o ter, o coração desfeito na cabeça, os sentimentos confundidos, um torpor de existência desperta, um apurar de qualquer coisa animica como o ouvido, para uma revelação definitiva, inútil, sempre a aparecer já, como a verdade,sempre,como a verdade, gémea de nunca aparecer.
Até a vontade de dormir, que lembra ao pensamento, desapertei, por parecer um esforço o mero bocejo de a ter. Até deixar de ver faz doer os olhos. E, na abdicação incolor da alma inteira, só os ruídos exteriores, longe, são o mundo impossível que ainda existe."

É conhecido que Picasso teve uma vida amorosa muito intensa e variada. É menos conhecido, que velho e doente, se tornou obssesivo no desenho a àgua forte com forte carga erótica. Dúvidas?
Vão a Cascais, à Fundação D.Luis, e digam depois.


Por mim, lembro com ingenuidade: " Estou convicto de que existem revelações". Santo Agostinho é aos meus olhos o homem mais verdadeiro que já existiu: " neguei e acredito", eis todo o mistério; a fé em qualquer coisa, uma finalidade-- um triangulo luminoso recortado na abóbada desse templo a que chamam mundo-- andar livremente no templo e ter a nosso lado um ser capaz de compreender por que razão uma ideia, um livro, uma palavra, uma flor, nos fazem parar e erguer a cabeça para o triangulo celeste."

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

ESTOU EM CRISE

Estou a ser perseguida pela palavra crise.
Para onde quer que me vire, lá está ela à espreita. São as finanças, o emprego, o ensino, a saúde, a família, a idade...
Optei por deixar de ler ou ver notícias. Talvez isso me ajudasse a esquecer.
Mas qual quê! Encontramo-la em todas as conversas com os amigos, em todos os comentários de rua.
Será que ainda temos hipóteses de nos livrar disto?
Poderá este país ter esperança de se ver colocado entre os seus pares europeus, ou teremos de nos contentar em ser a cauda da Europa, cada vez mais perto da economia africana?
Onde está o esplendor que este país e este povo teve em tempos?
O orgulho de sermos portugueses?
Tantas dúvidas e tão poucas respostas.
Será que alguma vez a crise vai entrar em crise
?

domingo, 12 de novembro de 2006

AVENTURA TECNOLÓGICA


De tanto ouvir apregoar sobre o choque tecnológico, decidi lançar-me à aventura e tentar desbravar caminhos até então desconhecidos.

Agradeço a motivação que me foi dada pelos meus amigos, que decidiram antes de mim criar os seus próprios blogs.

Claro que eu não podia ficar para trás, embora duvide que consiga alcançar a sua qualidade.

Pretendo com este blog partilhar tudo aquilo que gosto, das músicas à poesia, das viagens ao cinema... e claro boa comida e melhor bebida.

Afinal o que é que nos dá maior felicidade senão dividir com os amigos, com os amores, todos esses pequenos prazeres que nos levam ao céu.